quarta-feira, 29 de outubro de 2008

BOLA DE JORNAL




BOLA DE JORNAL

{WRITTEN BY WHILLY}


As coisas sempre foram como sempre, e duvido eu que fossem realmente mudar, entretanto eu já não fazia questão de pará-lo, eu não me importei antes e não me importaria agora. Eu sempre gostei dele da forma que ele é, inteiramente, incondicionalmente, e ele, de alguma forma, me amava com a mesma intensidade.
Eu caminhei pela rua, estava faltando a aula mais uma vez, mas que diferença faria? Nenhuma, afinal, ninguém me cobra ir a escola, nem mesmo vão algum dia cobrar, um diploma não salvará minha vida, muito menos me sustentará em um lugar como o que vivo. Não temos regras, não seguimos as leis, e a única coisa que podemos dizer e que agora não estamos mortos, o futuro é incerto, deliciosamente incerto.
Destranquei a porta do apartamento, eu naturalmente tinha a chave, algo muito doce de Sean, ele me ofereceu, embora suas razões não fossem um pouco... Incomodas, “ Caso aconteça alguma coisa comigo, você poderá entrar e pegar o que quiser, ou talvez morar aqui, é de sua escolha”, ele se preocupava com coisas tolas.
- Oi, Sean! – meu tom era feliz, como sempre quando estava ao lado dele.
- Oi, Nina – o tom comum...
Entrei cuidadosamente, ele estava no sofá em frente a Tv, assistindo alguma coisa tola, seus olhos se voltaram para mim, cuidadosos, como todas ás vezes em que ele esperava de mim alguma repreensão por agir da forma errada, mas eu nunca o repreendia, era impossível suportar uma briga entre nos dois. Meus olhos buscaram o que havia de errado, não foi difícil encontrar, havia uma grande poça vermelha no centro da sala, ela se estendia até o corredor, virando a direita, sumindo de meus olhos, o vermelho reluzia, indicando que aconteceu a pouco tempo, meus olhos ficaram por alguns segundos vidrados nos opostos diante destes, o vermelho brilhante e o chão sujo e encardido.
- Wou! – eu falei ainda olhando fixamente para o poça, vendo perfeitamente meu reflexo.
- Nina, eu... – era o tom suplicante, triste e arrependido, ele não gostava se me assustar, uma vez me confidenciou que temia apenas uma coisa, me perder, e mesmo que aquelas palavras parecessem pesadas e depressivas na voz dele, eu não tive como não me sentir interiormente bem.
- Eu não ligo... – falei indiferente, pulei cuidadosamente a grande poça de sangue existente entre aonde eu estava e o sofá, ao passar olhei discretamente para o rastro, eu não precisava imaginar aonde ele acabava. Era sempre no mesmo local, o último quarto do pequeno e claustrofóbico apartamento.
Sentei-me cuidadosamente ao seu lado, retirando o tênis e me encolhendo, apoiando meu corpo no dele, seu braço ao redor de mim, fazendo com que nossos corpos ficassem ainda mais próximos.
- Então – meu tom era o mais casual possível – quem foi?
Não era necessário uma explicação para saber do que eu estava falando, ele primeiramente não me respondeu, e ficamos no silêncio, quebrado apenas por suspiros da parte dele, eu apenas me mantinha quieta, sentindo seu peito subir e descer a cada respiração pesada.
- Jack... – a voz franca, senti seus dedos desesperados contra minha pele, temendo que eu me assustasse e corresse dele, a reação de sempre, o medo de sempre, e a reação de sempre, minha indiferença, eu passei meus braços por seu pescoço, fazendo com que ele se sentisse melhor, eu nunca fugiria dele, nunca.
Jack... Eu o conhecia, era um tonto, ele havia me irritado na semana passado, e em seguida brigado com Sean, ele era um delinqüente, era, não era mais e com certeza nunca mais seria. Entretanto era um delinqüente diferente de Sean, Jack era muito tolo e inofensivo, seu máximo era uma simples briga, um simples roubo, uma simples provocação, Sean por outro lado era mais... Mais ameaçador, embora agisse com menos freqüência, quando agia o preço era maior, a palavra simples não combinava com Sean.
Não era a primeira vez que algo deste tipo acontecia, se não me engano Jack era o terceiro deste mesmo mês. Nick e Harry haviam sido os primeiros, e com o que me lembro Nick foi antes, ele era tolo e descuidado, pelo que sei morreu por uma aposta, tolo e descuidado, roubar algo de Sean, uma aposta estúpida, claro, Sean era um dos mais temidos, se não o mais temido, do colégio, bem, acho que ele acabou perdendo no final, mas ninguém seria capaz de cobrar, seja pela vitoria ou pela perda. Harry foi logo em seguida, ele era muito amigo de Nick, talvez amigos demais, acho que morreu tentando vingar Nick, talvez? Quem sabe? Harry veio abordar Sean aqui em casa, neste mesmo apartamento. Agora, com o tempo que passou, eu já não sei dizer se as manchas de sangue seco ao lado do sofá são de Nick ou de Harry, mas faria alguma diferença? Duvido... Nunca me fez falta não saber...
Eu fiquei parada, poderia ficar ali para sempre, a eternidade não poderia ser mais confortável. Mas Sean não gostava de minha presença a noite, ele temia que alguém o procurasse e não pudesse me defender, preocupações tolas como sempre, entretanto ele dava sempre uma segunda desculpa, a de que meus pais ficariam preocupados... Como se eu realmente fosse me importar com isso.
Eu não poderia visitar Sean diariamente, ele achava perigoso, era nessas horas em que eu sentia ódio dele, sentia ódio por fazer com que ficássemos tão separados, no momento seguinte sentia culpa, pois ele estava se ausentando para me proteger, e por fim ficava com raiva de mim por não poder ser mais útil, menos frágil e quebradiça. Até que eu finalmente sentia ódio da cidade, por ser essa droga toda! Se fosse menos violenta eu poderia ter o meu Sean ao meu lado! Era por isso que não sentia pena de nenhum dos que Sean matava, eles atrapalhavam minha vida, menos deles era uma melhoria, eu poderia por fim ter meu Sean ao meu lado.
As semanas se passaram, a cidade nunca melhorava, nem nunca melhoraria, estávamos acomodados aquela situação, qual o problema de estar andando e morrer, morreríamos algum dia, e se não era a nossa hora alguém nos vingaria, era sempre assim, qual o medo então? Além do mais o que poderíamos perder em vida? Não era muita coisa, pelo menos daquilo que tínhamos posse.
Era uma sexta quando consegui finalmente voltar a ver Sean, ele não ia muito a escola, estávamos ambos no terceiro colegial, ele dizia que logo tudo acabaria, então qual o motivo de ficar indo? Eu concordava, mais pelo fato de que se ele não ia por qual motivo eu iria, um futuro? E existia futuro aqui? Sem contar que para as cidades ao redor e metrópoles nós éramos considerados matadores, nunca seriamos devidamente respeitados porque gostavam de nós, somente pelo medo que tinham, e isso me dava nos nervos. Não havia um futuro limpo, pelo menos não para mim, a escola não me servia, quem fosse ficar limpo no futuro deveria ir, eu não ia... Então por que diabos tinha que me submeter a tudo isso?
Eu sempre fui bem na escola, mas isso não era realmente um incentivo para continuar indo, além do mais nenhum dos diretores gostavam de mim, eu sempre fui encrenqueira e era mudada de escola com muita freqüência, lembro da fúria de meus pais... Hoje ela se transformou em indiferença. Em um único ano mudei de escola três vezes, duas delas por briga, uma por destruição de propriedade escola... Grande diferença...
Eu tinha um futuro, manchado, perigoso, destrutivo, instável, mas era um futuro, e era melhor do que o seu, e melhor do que o de qualquer outro! E ele era só meu!
Eu abri a porta com a minha chave, estava feliz de estar entrado novamente naquele apartamento, mesmo que velho e puído, era o melhor local para mim, um canto esquecido em uma cidade perigosa, aonde pedaços das paredes caiam mostrando ás vezes os tijolos laranjas, as rachaduras por todos os lados, e é claro as manchas de sangue velho na paredes que deveria ser branca, o pó espalhado pelo chão e pelos tapetes, o sofá desgastado e antigo, a Tv de péssima qualidade e de recepção pior ainda, a cozinha com a madeira corroída por cupins e as panelas de alumínio manchadas pelo demasiado uso, essa era a minha vida... Se Sean estivesse nela.
Uma vez pensei o que aconteceria comigo se não tivesse Sean ao meu lado, eu tive apenas a resposta de que estaria segura, vivendo feliz comigo mesma, eu poderia ter um futuro limpo, aonde poderia ser matemática, eu adorava essa matéria, ou até mesmo escritora, eu sempre tive uma queda por essa profissão, me parecia nobre, algo que não se encaixava mais com o futuro que estava vivendo. Sem Sean eu faria tanta coisa...
Sean não estava sentado ao sofá, nem em nenhum local da casa, ele deveria ter saído para fazer um de seus serviços. Eu me sentei deitei confortavelmente no local que ele costumava ocupar na sala, fiquei ali por muito tempo, o apartamento sem Sean era tedioso, quase tinha a capacidade de se tornar belo desde o dia em que o conheci.
Eu estava sentada perto da grade da escola, observando as pessoas passarem na rua, e quando o vi meus olhos ficaram presos nele, eu tinha apenas doze anos, mas já era considerada uma delinqüente, mas era o mesmo estilo de delinqüente que Jack foi, simples, sem realmente ser perigosa, uma das pessoas que passou por minha visão foi Sean, ele não entrou na escola, eu achava naquela época que faltar a escola era ser um total idiota, me chamou a atenção a forma com que ele fazia isso, ele nem mesmo hesitava, não havia remorso, nem um pingo de arrependimento, e ele era tão estranhamente perfeito, como se as coisas ao redor se arrumassem para ele, seus olhos se encontraram com os meus, lembro-me que ele parou de andar e ficou me olhando, da mesma forma que eu fiquei, sem expressão, somente analisando.
Não sei o que ele viu em mim naquela época, não era muito alta, era magrela e sem forma, a pele branca de mais com o cabelo claro curto, demorou alguns segundos, até que ele simplesmente sorriu e acenou, eu fiquei pasma e constrangida da hora, mas acenei de volta, ele se voltou a seu caminho e foi embora... Eu me perguntei para onde ele estaria indo.
Os dias se passaram e eu sempre ficava ali observando, ele sempre que passava por lá ficava me observando, eu acenava para ele, ele sorria e acenava de volta. Uma manhã ele não veio... Eu não o vi na rua e fiquei esperando para vê-lo na grade antes do sinal tocar, o sinal tocou, ele não havia vindo... Todas ás vezes que isso acontecia eu ficava triste, era tão bom ter o apoio de seus olhos, era tão bom a doçura de seu sorriso.
Caminhei silenciosamente aborrecida em direção a minha sala de aula, mas antes que conseguisse chegar a porta uma mão encostou em meu ombro, como reflexo, eu levantei o pulso do braço contrário para socar o imbecil que estava encostando em mim, por muito pouco eu não soquei o garoto, por muito pouco, pois assim que meus olhos observaram a figura eu parei... Era o menino da grade! O menino que eu via todos os dias! Eu e ele estávamos juntos... Eu nunca fiquei tão feliz, a partir deste dia ele passou a vir mais na escola, alias, ele antes estudava em outra escola, e quando conseguiu transferência prometeu comparecer a escola com mais entusiasmo. Quando Sean lembra daquele dia ele fala que eu o soquei, mas não com punhos, simplesmente com o meu amor. Acho que já nos amávamos desde a primeira vez que nos vimos.
Aos quinze começamos a namorar oficialmente, foi realmente engraçado ele falando com meu pai, eu falei que não precisava, mas ele queria ser um bom garoto, como se ele não fosse, meu pai não aprovou, e eu discuti com ele, no fim ele teve que aceitar, pois eu havia falado que se ele não aceitasse eu sairia de casa, eu poderia ter um lar junto de Sean, ele temia isso e aceitar foi o melhor, acho que ele esperava que alguma hora esse amor passasse, assim como o dele e de minha mãe passaram. Eu o decepcionei nisso, amando Sean mais com o tempo.
Eu era a decepção de meus pais, acho que eles gostam do fato de terem tido somente uma filha, qualquer irmão a mais com certeza seria um problema, eu já valia por uns três. Meu pai sempre teve muita expectativa, um futuro brilhante, uma vida limpa, uma família feliz, mas eu o decepcionei em tudo, acho que parte dele compreendia, a outra parte nunca poderia se contentar com o que quer que eu me tornasse. Minha mãe não se importava, talvez ela visse em mim muito de seus erros, os seus melhores e mais felizes erros, ela nunca opinava em nada, quem sabe ela esperasse para mim um lindo final felizes para sempre?
Aos quinze, além de namorarmos, Sean matou sua primeira pessoa, uma briga pesada, eu nunca soube o motivo, mas ele não teve como me esconder o fato de tê-la matado, a partir deste dia ele temeu me perder, e a partir deste dia eu disse a mim mesma para escolher um futuro, eu ainda seguia o futuro que eu sempre havia imaginado, aquele que tracei inconscientemente no momento que conheci Sean. Um futuro manchado.
O tempo passou, meus pais deixaram de se preocupar, pelo menos meu pai foi assim, não sei bem quanto a minha mãe, eu ás vezes acho que ela está ao meu lado com sua preocupação silenciosa, esperando para me ajudar, mas eu sou orgulhosa demais para cair, e mais orgulhosa para contar, se eu cair, vou cair em silêncio, com o olhar firme...
Eu tenho dezessete anos, terceiro colegial, não mudei muito, eu ainda me chamo Nina, ainda sou magra, anda tenho a pele pálida, ainda sou a decepção de minha casa, ainda falto a escola, ainda tenho riscos de ser expulsa, ainda brigo, ainda sou encrenqueira... Ainda amo Sean, como se isso fosse acabar... E acabaria?
Sean foi minha vida a cinco anos, eu vivi por ele, eu respirei por ele, eu morreria por ele... Compensaria tudo isso? Por um garoto que sempre seria assim, sempre repleto de confusões, aonde cada uma delas me traria dor e a cada dia eu choraria por ele, seria como o dia que o conheci, ficar ansiosamente esperando na grade da escola, sem que ele sempre fosse entrar. Agonizante e sofrido. Valeria a pena?
Meus olhos estavam fechados, meu corpo relaxado no sofá, minha mente ainda vagando, mas eu ouvia os passos, eram os passos que eu havia aprendido a reconhecer em qualquer local, como se eles me chamassem, tão característicos que nunca poderiam ser esquecidos, nunca. Eles subiam silenciosamente a grande escada de metal, torta e desigual, arrastando-se com um peso que eu também conhecia, o peso que se eu desejasse ficar teria que suportar.
Eu me levantei, olhando o cômodo todo, seria aquele o meu futuro? Uma grande bola de jornal, era a melhor expressão para tudo ao meu redor, grande, amassada, desigual, suja, manchada e encardida. Eu transformaria minha vida em uma bola de jornal? Tudo o que tinha capacidade de ser por... Uma bola de jornal?
A porta se abriu, ele já sabia que eu estava ali, ele também conhecia meus movimentos, e como se estivéssemos ligados sabíamos se as coisas estariam bem ou não, acho que conseguimos isso com o tempo, muito tempo gasto juntos, muito tempo dispensado para o outro, ele para mim e eu para ele. A expressão que eu já conhecia, com o gosto metálico do ar que eu já havia aprendido a reconhecer e acostumar. Sangue.
Eu me levantei, andei feliz até ele, sorrindo timidamente, ele estava com a roupa vermelha, mostrando que no mínimo havia matado uma pessoa, não o incomodei perguntando que havia sido daquela vez, eu tinha uma certa aposta em Dan, ele era realmente hipócrita e irritante, ele havia de merecer, pelo que estive sabendo. Sean abaixou o olhar, triste? Nervoso? Arrependido?
Com medo... Eu era a única coisa que ele temia, eu poderia destruí-lo, eu poderia fazê-lo sofrer, poderia matá-lo aos poucos ou até rapidamente, ele nunca me machucaria, ele nunca me deixaria infeliz, nem que minha felicidade custasse mil vidas... Ele mataria todos para mim, e se necessário mataria a si próprio se necessário no final. Ele era meu. Mas... Eu nunca faria algo assim com ele, eu preferia minha morte a dele, preferia meu sangue manchando as coisas ao dele, preferia minha dor a dele, eu preferia vender minha alma para a felicidade dele. Será que deveria?
Eu o abracei, manchando minha blusa com o sangue que ele derramou, as mãos dele apenas acariciaram cuidadosamente meu cabelo, os olhos longe dos meus.
Eu deveria?
Não, não deveria...
Mas quem pode escolher o que amar? Quem dita a batida de um coração? Eu amava aquela bola de papel, mesmo manchada de tinta barata de jornal, ou sangue vermelho vivo, suja e desgastada, desbotando em algumas partes, ao todo uma grande e dispensável caixa de papelão, ridiculamente precária, hilariantemente quebradiça.
Entretanto era lá que havia o que eu amava. Sean. Dentro ou não destes destroços, na rua, em uma casa rica e grande, em uma universidade, era Sean o que eu amava.
Eu deveria?
Não, não deveria.
Mas eu alguma vez fiz o que devia ser feito?
Eu não fui na escola, eu escolhi brigar, eu cairia por meu orgulho, eu morreria por alguém que amava, eu fui expulsa por querer, eu provocava, eu desobedeci meus pais, eu me tornei uma decepção... e ainda assim eu sorri por tudo isso.
Eu não deveria.
Eu estava jogando um futuro brilhante, quem sabe perfeito, quem sabe maravilhoso, quem sabe? Eu poderia me redimir, e ser o que todos sonharam que eu seria, poderia ser tudo o que queriam que eu fosse, poderiam me amar incondicionalmente por minhas escolhas sensatas, mas eu ligava? Mas eu conseguiria sorrir depois disso tudo?
Não deveria.
Mas já estava feito.
Eu estava dentro de uma bola de jornal, velho, amarelado e sujo. Eu estava manchada com sangue vermelho. Eu estava com Sean. Eu não queria mais nada.
Nada me faria mais feliz... Eu era parte da bola de jornal.



Filme de terror


{written by Whilly}

Gage forçava a cabeça para o lado, se concentrando totalmente no filme, essa é a parte boa de um filme de terror, quando bom você não consegue desgrudar os olhos da tela. Não era o caso, mas era muito melhor manter a cabeça naquela direção há virar e ver Thomas aos agarros com Samantha, totalmente repugnante. Os gritos que vinham da Tv também escondiam os cochichos íntimos e certamente eróticos de ambos, outra qualidade de um filme de terror.
Não sabia direito por que havia aceitado aquele estúpido convite para assistir um filme na casa de Thomas, provavelmente por que ele disse que seria terror e teria um monte de garotas assustadas para se agarrar nele, para um garoto de treze anos isso parecia uma boa. Mas agora que estava ali as coisas não pareciam muito boas, pelo menos não para ele, por que deveriam estar muito boas para Thomas e Samantha, podia ouvir a respiração apressada deles e a felicidade por trás de cada silêncio que significava um beijo longo e incômodo para Gage.
Não havia muito mais que ele naquela sala de Tv, espaçosa e confortável, ocupada somente por ele, Thomas, Samantha, Candy e Jared, uma quantidade deprimente de pessoas comparada a proposta por Thomas, havia meia garota para ele... Nem mesmo uma inteira. Embora Gage soubesse que Jared não tinha o menor interesse em Candy, ele estava estendido no sofá ao lado, observando a tela sem muito interesse ao mesmo tempo que sem vontade de se mexer, ele pouco se importava com Samantha e Thomas, assim como não fazia diferença Gage e Candy estarem ali também, era como se estivesse em outra divisão do mundo e que somente ele estivesse assistindo o filme.
Gage olhou esperançoso para Candy, ouvir a respiração e os corpos movimentarem-se desesperados, fazendo o tecido do sofá fazer diversos diferentes barulhos estava o deixando excitado. Candy por outro lado não demonstrava qualquer sinal de felicidade ou de infelicidade, estava como Jared, em outro mundo, mas diferente de Jared, ela estava morrendo de tédio, o que não era muito bom, pois significava que não estava com medo e qualquer garoto que se preze sabe que garotas com medo são iscas fáceis, elas simplesmente pulam em cima de você pedindo proteção, fica muito fácil se aproveitar delas assim.
Candy bocejou, e coçou o olho distraidamente, ela estava sentada em um puff, seu corpo comprido esguio e magro estava quase plano, suas pernas eram finas mais delineadas a mostra devido ao fato de que seu shorts era curto, o que havia deixado Gage feliz.
Em silêncio Gage a observou por mais de dez minutos, e vendo que sua reação ao filme não mudaria de forma alguma decidiu se aproximar, quem sabe se ele ficasse perto dela aconteceria algo? Ele deslizou para o chão, olhando por se cima do ombro Thomas cuidadosamente sobre Samantha a pressionada sob o peso dele, enquanto ele lhe aplicava diversos beijos em seu pescoço, subindo lentamente, fazendo-a rir, até chegar a boca, aonde com certeza ficaria por um longo tempo.
Gage continuou o percurso, deslizando até Candy, que apenas o olhou de esguelha quando se aproximou.
- Não está com medo, Candy?
- Não.
Ambos falavam em cochichos. Jared nem notou que Gage estava ao lado de Candy, por alguns segundos ele pareceu estar dormindo de olhos abertos, o que só foi comprovado como mentira depois de um piscar leve, rápido e tímido de olhos.
- Sério? Esse filme é um tanto assustador...
- Pare de ser idiota, Gage – ela virou o rosto para ele e continuou – o sangue espirra a dez metros de distância, e você sabe muito bem que aquele rato era de pelúcia.
- Tá – ele riu com ela – não é tão assustador assim, mas não acha que precisa de um homem para protegê-la?
Ela riu, um riso baixo e convidativo, Gage quase interpretou isso como um sim, mas ela falou antes que ele pudesse se mexer.
- Eu tive muitos bichinhos de pelúcia, não acho que eles sejam tão perigosos assim...
Gage soltou um chiado, um riso abafado, fazendo Candy rir dele.
Ele estava gostando da conversa com ela, talvez pudesse adiar um pouco se agarrar com ela, talvez, mas o barulho vindo do sofá ainda o deixava excitado forçando-o a continuar a procura de alguém para se divertir da mesma forma que Thomas estava. Candy era bela, na opinião dele, mais bela do que Samantha, ela tinha os olhos cor de mel, o cabelo um castanho claro sedoso e brilhante, sua pele era branca e seus lábios bem formados... “Formados perfeitamente para se encaixarem nos dele”, era assim que ele pensava. Seu corpo era comprido esguio e magro, pernas bem torneadas, mãos delicadas a qual as unhas era curtas e sem cores berrantes, algo que o agradava muito, afinal metade do mundo pintava as unhas de cores fortes e chamativas, o que o lembrava suas tias, que viviam apertando-lhe as bochechas, e que somente parariam quando ele tivesse vinte e sete anos... Pois até lá todas elas já haviam de ter morrido.
- Você nunca teve um rato de pelúcia. – ele falou vitorioso.
- Resposta errada, tive três ratos de pelúcia, um deles realmente parecia um rato de verdade, minha mãe achava nojento, mas nunca jogou fora por que sempre foi meu favorito.
- E quem te deu um brinquedo desse?
- Meu irmão mais velho.
- Tinha que ser... – Gage falou baixo esperando que ela não o ouvisse.
- Qual o problema com meu irmão? – ela parecia levemente zangada, talvez com razão.
- É que normalmente as garotas tem bichos de pelúcia cheios de babados rosa e azul bebê, os pais nunca dão as garotas brinquedos desse tipo, é muito mais possível que um garoto te de isso, provavelmente um irmão mais velho.
- Uhm – ela observou-o para saber a veracidade de suas palavras , como não viu falhas em sua expressão de sou-um-inocente, ela se virou para a Tv.
Entretanto os olhos de Gage se mantiveram nela, sem realmente prestar atenção no grito ridiculamente forçado e alto que vinha da tela, ou do bocejo quase silencioso de Jared. Ele manteve os olhos nela, e ela pelo canto de olho sabia que ele ainda a observava, incomodada voltou se para ele.
- Não vai assistir o filme?
- Pra que? Qual a graça de um filme de terror sem terror?
Ela sorriu maliciosamente, provocando um batimento acelerado em Gage.
- Quando terror não tem terror, ele vira comédia.
- Ah, grande coisa, eu não vejo graça em comedia, é forçado demais.
- Ah, é?
- É – sua voz era convicta.
- Então torne isso daqui um filme de terror.
Seria sua impressão a voz de Candy estar maliciosa e divertida, esperando que ele se portasse de alguma forma, que ainda lhe parecia invisível. Os olhos marrons dela brilhavam as imagens de carnificina pura e sangrenta da Tv, aonde gritos eram constantemente lançados ao ar, e ao fundo se ouvia o som de uma máquina funcionando continuamente, cortando, fatiando os pedaços vermelhos de carne.
- O que faria você se assustar? – ele olhou para a Tv – se não se assusta com sangue, carne, mortes, cortes?
- O que compõe um bom terror?
- O susto?
- O que mais?
- O medo?
Candy percebeu o tom de dúvida.
- Você não sabe o que compõe um bom terror?
Gage se manteve calado, olhando os olhos dela, que começavam a sorrir achando graça de sua falta de cultura, se assim podemos dizer.
- Poderia me dizer o que compõe um bom terror logo? – ele falou meio aborrecido pela felicidade que ela expunha diante de sua ignorância.
- Não.
Os lábios macios e belos dela se curvaram em um perfeito sorriso, deixando Gage tonto, querendo loucamente saber a textura deste com os seus próprios, para conformar o quão deliciosos eles pareciam ser ou se seriam somente propaganda enganosa.
Ela voltou a fitar o filme e ele também, sem coragem de voltar para seu local, para não parecer que havia sido jogado fora, o que faria com certeza Thomas o inferiorizar e caçoar dele até a faculdade, e quem sabe depois disso talvez. Manteve os olhos no filme, estava no final, a parte aonde havia mais sangue e terror, embora parecesse tudo tão comicamente mal feito que não havia efeito algum, entretanto continuava sendo divertido ver o sangue espirrar e manchar todas as coisas ao seu redor.
Quando finalmente o filme acabou, com um final ridículo e idiota, as luzes da sala se acenderam, Jared, Candy e Gage se despediram de Thomas e Samantha, ela morava muito longe para ir a pé, entretanto todos sabiam que eles queriam ficar se agarrando um pouco mais no sofá antes de ligar para os pais dela virem buscá-la.
Jared morava na parte Sul da cidade, enquanto Candy e Gage na parte Norte, todos se despediram-se e cada um seguiu seu rumo. Candy e Gage juntos.
- O filme foi horrível – ela comentou após algumas quadras.
- Com certeza – ele riu – foi um dos finais mais estúpidos que eu já tive o desgosto de ver.
A conversa se manteve assim, por muito tempo.
- Qual parte você pode dizer de assustadora?
- Nenhuma – Candy falou rindo.
- Nem mesmo a que eu fiquei do seu lado? – ele perguntou maliciosamente.
- Aquela foi a parte mais idiota do filme todo – ela riu, um riso leve e continuo.
- Deveria ter ficado com medo.
- Por que?
- Por que eu estava do seu lado.
Candy começou a rir tanto que teve que se apoiar em uma parede ali próxima, sem conseguir respirar direito, Gage sorriu para si mesmo com a reação dela, o riso dela o complementava.
- O que você tem de assustador?
- Quer ver?
Ela fez uma cara maliciosa, e o sorriso mais convidativo que Gage já havia visto no rosto de alguém, aquilo era um sim explicito.
Gage primeiramente se aproximou devagar, olhando timidamente para ela, focando seus olhos hora no chão, hora nela. Candy esperava, sem surpresa alguma, sem medo ou qualquer outra reação fora a esperança leve e continua de uma criança esperando para receber um presente.
Subitamente Gage a agarrou, e a forçou contra a parede, seus olhos com o máximo de ódio que ele conseguia expressar, uma de suas mãos prendendo as duas dela, e a outra sobre sua garganta, apertando-a lentamente, um sorriso silencioso e sádico, esperando que ela gritasse para o golpe fatal... Que não aconteceu, nem aconteceria. Os olhos dela eram de desespero, suas mãos remexiam-se como serpentes em um laço, tentado inutilmente se desvencilhar, sua boca estava levemente aberta buscando ar, o resto de seu corpo não conseguia realmente se mexer, estava sob a pressão continua de Gage. Ela estava presa.
Então ele tampou sua boca aberta, para que ela não gritasse, com seus próprios lábios, a mão que estava em sua garganta desceu lentamente pelo corpo dela, e a outra soltou as duas mãos de Candy, que ainda como cobras se enroscaram por seu corpo. A segunda mão livre a agarrou pela cintura e a trouxe para mais perto, forçando seus corpos a ficarem juntos. Demorou vários minutos para que finalmente se afastassem em busca de fôlego.
- Acho que não sei ser realmente assustador
Gage denunciou com uma expressão tímida.
- Não tem problema, eu posso deixar você tentar tornar esse filme de terror mais assustador outra hora.
Gage olhou para Candy, ambos com sorrisos maliciosos. Ela continuou a fala, com uma cara inocente.
- Estou errada, Gage?
- Quanto a que? - Agora já é outra hora?

quinta-feira, 3 de julho de 2008

MAS É MELHOR SE VOCÊ FIZER XX



{WRITTEN BY KUIBY}


CAPÍTULO 20


Minha cabeça doía muito... Olhei para o lado: Natalie estava com a cabeça encostada no vidro. Um calafrio percorreu minha espinha.
- Nat... – Balancei seu ombro. – Nat... – Ela não respondia – NATALIE! – Lágrimas de desespero lavavam meu rosto.
Com minhas mãos puxei seus cabelos e descobri sua face: Estava morta... Olhos bem abertos e paralisados, escorria sangue de sua boca. Meu corpo estava dolorido e o desgosto me alucinava. Eu matei a mulher que amo.
- Saia do carro com as mãos na cabeça! – Uma voz rouca gritou no alto-falante. Obedeci... Fui algemado e levado para a prisão.
Fiquei preso por três infinitos anos, depois me mandaram para um sanatório. Nunca estive sozinho... Pude sentir a presença de Natalie ao meu lado toda noite... Rezava por ela.
“– Ryan venha comigo... Vamos ficar juntos pela eternidade.” Ela me chamava.
Hoje estou trancafiado nessa casa para loucos, apesar de não ser um deles. Estou decidido a deixar esse mundo vazio e reencontrar meu verdadeiro amor, que descobri também que era meu único motivo de viver. Esta faca pontiaguda que seguro em minhas mãos é a chave do portal de transição entre a vida e a morte, guardo-a há meses, e nunca tenho coragem o suficiente de utiliza - lá...

Fim.

MAS É MELHOR SE VOCÊ FIZER XIX



{WRITTEN BY KUIBY}


CAPÍTULO 19


- Estou preocupada com Nick. Ryan, o que será que aconteceu com ele? – Ela começou a roer as unhas me tirando do sério.
- Não tenho idéia.
- Ele é seu irmão, não é?
Balancei a cabeça afirmativamente. Continuei guiando.
- Coloque o disfarce, ninguém pode te reconhecer. – Natalie o fez com lágrimas nos olhos.
“A polícia procura o principal suspeito: Ryan Ross, que era professor desses dois jovens desaparecidos, que também abandonou o cargo [...]”
- Ryan, você não esta preocupado com Nick?
- Claro.
- Será que ele esta bem?
- Não sei... Não o vejo há dias.
- Ryan, as pessoas vão te reconhecer: você esta sendo procurado pela policia!
- Usarei óculos de sol.
- Estou insegura. Estou com medo. Ryan, não quero perder-te.
- Isso não vai acontecer, estou aqui.
Avistei a nossa frente: a estrada estava interditada por viaturas da policia, estavam fiscalizando os veículos.
- RYAN! É o fim da linha para nós. – Nat gritou ensurdecendo-me.
Eu estava nervoso: a poucos metros de minha sepultura. Não podia permitir isso! Não lutei tanto para acabar daquele jeito.
- Vou tirar a gente dessa! Se segure!– Virei o volante bruscamente, atravessei o canteiro e passei para o outro lado da pista. Natalie ficou boquiaberta.
- Cuidado Ryan! Você chamou a atenção deles e agora estão atrás da gente!
- Não por muito tempo... Vou despistá-los. – A adrenalina corria em minhas veias me deixando eletrizado. Era tudo muito surreal.
- Ryan! Diminua a velocidade! É perigoso de mais: vai perder o controle! Vai acabar nos matando!
Seus gritos não me fizeram parar. Eu e o carro éramos um só...
- SOCORRO! Eu não quero morrer! Ryan pare! – Ela estava chorando – Se você me ama realmente, me escute: Pare o carro!
Nesse instante eu olhei diretamente para seus olhos lacrimejantes. Quando me dei conta, perdi a direção: o carro estava prestes a bater em uma enorme árvore que ficava rente a curva. Natalie gritava muito: eu não sabia o que seria de nós! Pisei no freio e virei o volante, o veículo deslizou pelo asfalto e se chocou contra um caminhão.

MAS É MELHOR SE VOCÊ FIZER XVIII



{WRITTEN BY KUIBY}


CAPÍTULO 18
- Não consigo dormir. – Ela murmurou em meus ouvidos, mas eu continuava em silêncio observando o horizonte. – Esse seu jeito calado é o que mais me encanta, me deixa segura. Ryan, nunca vai me deixar?
- Nunca.
- Então me beije. – Obedeci sem contestar. Ao mesmo tempo em que me beijava, suas mãos abriam os botões de minha camisa delicadamente. O perfume floral de seus cabelos me seduzia. Em meus braços levei-a para a cama, em que passamos a noite mais esperada de minha vida: a castidade é uma dádiva da vida e o prazer o melhor fruto proibido, vale à pena degustá-lo.
Partimos ao amanhecer. O dia estava chuvoso e triste, pois o sol não sorria. Não trocamos uma palavra sequer durante as três primeiras horas de viagem. Liguei o rádio: o noticiário não parava de anunciar o desaparecimento de Natalie e Nicholas.
- Estou aflita. – disse ela.
- Acalme-se. Estamos indo para Florianópolis... Faltam apenas algumas horas de viagem.
- Por que vamos para lá?
- Tenho um amigo lá.
- É seguro?
- Sim, ele se formou comigo, conheço desde pequeno. Vai dar tudo certo: confie em mim.
“Dois estudantes desaparecidos, a policia esta investigando, mas precisamos de sua colaboração. As fotos estão disponíveis em qualquer posto de abastecimento [...]”

MAS É MELHOR SE VOCÊ FIZER XVII



{WRITTEN BY KUIBY}


CAPÍTULO 17


Ela permaneceu calada até a primeira parada num posto de gasolina.
- Imagino... Eles virão trás de mim.
- Natalie, sua família pode por o exercito atrás da gente, não vão nos pegar. Use isto – Dei-lhe um boné e óculos escuros.
- Rezo para isso. – Nos beijamos.
Continuei a viagem ouvindo a rádio noticia: ainda não perceberam a ausência de Natalie. Estávamos esperando algum sinal... O céu escureceu e procurei um lugar para dormirmos, ela não dizia uma palavra. Um motel chamou minha atenção por causa da iluminação.
- Você quer dormir aí – apontei.
- Pode ser.
O quarto não era muito grande, mas as luzes eram ofuscantes. A janela dava vista para a estrada e as paredes eram amareladas, era confortável e caro, tinha uma cama de casal que era coberta por uma colcha vermelha decorada com bordados. Me lembro perfeitamente...
Abri o frigo – bar e peguei uma garrafa de vinho que estava trincando. Comemorava minha felicidade.
- Aceita?
- Estou com sede, mas não de álcool... Sinto fome também.
- Tudo bem, pedirei algo para comermos. – Eu peguei o telefone.
Em poucos minutos o jantar chegou. Na mesinha tinham dois pratos, duas taças, talheres, duas velas, um champanhe e o prato principal: tender. Um pouco romântico demais.
Sentamos e sem cerimônia comemos: Natalie realmente estava faminta.
- O que acha que vai acontecer com agente, Ryan?
- Vamos ser felizes. – Sorri, procurando confortá-la.
Em um grande gole, ela esvaziou a taça. Sorriu para mim.
- Aqui é bonito, não? – Ela procurou esconder sua preocupação nessas palavras.
- Tivemos sorte! Tem até uma banheira.
- É... Já espiei o banheiro: é enorme! – Ela riu.
- Aproveite, pois amanhã vamos deixar tudo isso para trás e continuar a viagem.
- Vai dar tudo certo. – Ela segurou minha mão.
- Vai... – Nossos olhares se encontraram... Nossos rostos se aproximaram e nossos lábios se tocaram selando um beijo de jura eterna, uma jura de amor.
- Vou tomar um banho – Ela disse e entrou no banheiro.
Talvez precisasse desse tempo sozinho para meditar minhas faculdades mentais. Não precisava de mais nada, a felicidade me tomava e me fazia sentir vontade de viver para sempre: estava junto à mulher que amava.
Alguns minutos depois ela saiu pela porta, deixando um rastro de vapor quente. Estava usando uma de minhas camisas, a roupa era folgada, mas para dormir estava ótimo. A toalha enrolada na cabeça a deixava engraçada.
- Pode ir! A água esta uma delicia!
- Estou indo. – Entrei no cômodo abafado. Dava para escrever o nome no espelho...
A água caia sobre meu rosto, levando pelo ralo o meu cansaço. A vida é uma caixa de surpresas, mas é você que traça seu futuro.
Natalie já estava deitada. Mas o sono ainda não me conduzia... Fui espiar a janela: o movimento era incessante. Tudo era agitado. As luzes do quarto estavam apagadas e minha mente vagava longe... Uma fungada na nuca me fez despertar: ela estava ao meu lado, suas mãos me faziam massagem nos ombros.

MAS É MELHOR SE VOCÊ FIZER XVI



{WRITTEN BY KUIBY}


CAPÍTULO 16


- Estou péssimo.
- À tarde eu passo ai, é que daqui a pouco tenho aula.
- Espero... – Coloquei o telefone no gancho com certo receio de que talvez ela não viesse.
O tempo era meu pior inimigo, mas ela cumpriu o combinado. Entrou descontraída e se sentou no sofá.
- Sua casa é bonita! – Exclamou sorrindo.
Retribui o sorriso e com um abraço percebi que ela estava assustada.
- Então... Preciso saber uma coisa, antes de tudo. – Nossos olhares se encontraram.
- Diga... – Ela acariciou meu rosto tirando os fios de cabelo que caiam em meus olhos. Como era bela.
- Faria tudo para ficarmos juntos?
- É tudo o que eu mais quero. – Ela me fitou com tristeza – Mas seria impossível minha família aceitar!
- Tem uma saída.
- Qual? Já procurei... Não consigo encontrar uma maneira de ficar com você sem impedimentos.
- A única maneira é fugirmos para um lugar longe daqui.
Nat ficou em silêncio. Encarava-me se desfazendo num pranto abafado. Envolvi suas mãos nas minhas.
- Não sei se estou preparada. Talvez não seja certo largar tudo.
- Faça sua decisão. Eu vou... Se quiser vir comigo.
- Para onde?
- Para a estrada... Podemos ficar em um hotel até eu arranjar dinheiro para comprar uma casa, posso vender esta.
- Ryan, eu não sei. – Ela deitou sua cabeça em meu ombro.
- Vamos. Passo na sua casa e espero que faça as malas, depois botamos o pé na estrada.
- Não posso voltar lá, é arriscado. Tenho medo de desistir.
- Então o faça enquanto há tempo.
Natalie se agarrou em meu pescoço e me deu um beijo molhado na face.
- Ryan... Não faça beicinho! Assim você me convence. Vamos agora! – Ela estava decidida.
Joguei algumas roupas na mala e fomos para o carro. “Boys will be boys”. Seguiria até o fim com a mulher que amo.